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Em busca do tesouro perdido na praia

Em busca do tesouro perdido na praia

Quarta-feira, 05 de janeiro de 2011


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Passatempo do veranista Aloízio Durigan Júnior é fuçar a areia de Caiobá com seu detector de metais à procura de preciosidades
Matinhos - Beira do mar, sete horas da ma­­nhã. Sol ainda fraco e praia vazia. Quando as famílias começam a aparecer, ele vai embora. De tardezinha é a mesma coisa. Por volta das 18 horas, quando o sol começa a se pôr, ele retorna.

O passatempo de férias do auditor fiscal Aloízio José Durigan Junior, de 45 anos, de Curitiba, vai na contramão da rotina de quem passa a temporada no Litoral e frequenta as praias durante os horários de pico. Isso porque o hobby do auditor não é lá dos mais comuns e acaba chamando a atenção de todos quando ele resolve passear nas areias da Praia Brava de Caiobá, em Matinhos, com seu detector de metais.

E encontrar Aloízio é fácil. Basta ficar atento ao barulhinho da máquina quando encontra algum objeto de metal e lá estará ele, agachado, cavando para ver o que está debaixo da areia. A maioria das vezes são objetos sem valor: tampinhas de garrafa, latas, ferros de barracas ou papel alumínio. Mas nos dias de sorte, quando chega a encontrar joias de ouro, a busca vale a pena.
Aloízio não se lembra muito bem de quando lhe bateu vontade de sair por aí à procura de coisas escondidas na terra. Só sabe que isso vem desde guri. E foi ainda criança, vendo filmes de guerra, com os soldados usando um detector para identificar minas terrestres na película, que ele soube da existência do aparelho que hoje é sua diversão. “Coleciono coisas que lembram minha infância. Na década de 60, 70, só via filmes que mostravam guerra. Eu, criança, fiquei com essa imagem na cabeça”, conta o auditor, que coleciona objetos relacionados a conflitos bélicos, como medalhas e lanternas da Segunda Guerra Mundial.

Em Curitiba ele não costuma usar muito o detector. Às vezes vai a Campo Magro, na região metropolitana, para procurar pepitas de metais preciosos em algum riacho. Em uma das buscas por Campo Magro, passou em frente a um casarão abandonado no meio do mato. Lá, achou 285 moedas de 10, 20 e 50 cruzeiros, que guarda de recordação. “São moedas de 1964, 1967 e 1970, que estavam todas enterradas na casa”, conta.

Mesmo evitando a muvuca dos horários de pico da praia, Aloizio não consegue deixar de chamar a atenção quando empunha o aparelho. “Tem gente que acha bacana e tem gente que acha perda de tempo. Sempre falo: cada louco com sua mania”, brinca. Tem veranista que até espera o auditor fiscal chegar à praia com o equipamento para tentar recuperar o que perdeu na areia, como o pessoal que aluga barracas. “Eles esperam eu chegar no fim de tarde porque sabem que eu acho bastante daqueles ferrinhos das barracas, desenterro e deixo à mostra. Depois eles passam e recolhem”, explica Aloízio.

Há também os que pedem uma mãozinha nos momentos de desespero. Como o sujeito que pediu uma ajuda para tentar encontrar a aliança de casamento perdida na areia. “Se eu for procurar tudo o que me pedem, vira mais trabalho do que diversão”, avalia Aloizio.

Coleção

Aloízio tem três detectores. A coleção começou ano passado, quando o funcionário público descobriu o mundo dos leilões pela internet. Dessa forma, arrematou pela pechincha de US$ 20 (o equivalente a aproximadamente R$ 33) um aparelho usado, vindo dos Estados Unidos. Dois meses depois, comprou um alemão – segundo ele, mais simples e barato – por 160 dólares (perto de R$ 267). O que usa atualmente foi comprado por um site de produtos importados de Goiânia e custou R$ 1.500.

O investimento no último detector já foi recuperado nesta temporada. No dia 29 de dezembro, Aloizio encontrou no fim da tarde uma corrente de ouro que, pela avaliação que solicitou a um ourives, vai dar para pagar o equipamento e ainda sobra. Em julho, o auditor vai com o pai para a Flórida, em uma loja especializada em detectores, atrás do quarto aparelho da coleção.

O pai, inclusive, passou a ficar interessado também pelo hobby, depois que ficou sabendo da corrente de ouro achada na areia. E Aloízio busca mais adeptos. Para um sobrinho, de 4 anos, diz que é só o tempo de esperar ele crescer para ganhar um aparelho. O filho, de 2 anos, já herdou um carrinho Hot Wheels encontrado pelo detector na praia. E para “a piazada da rua”, sobram algumas moedas achadas para comprar bala.

Ele conta que a esposa não é muito fã do passatempo, já que ele costuma fazer as buscas sozinho. “É o meu momento, de pegar o carro e ir para algumas cidades mais afastadas ou para a praia para passear e procurar. O que estiver enterrado eu vou achar”, enfatiza.

Fonte: Gazeta do povo

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